sexta-feira, 30 de julho de 2010

NUTS



                                                    
                            Começarei a postagem sobre essa banda com o próprio Manu (baterista da banda) nos contando como foi o início da mesma no páginas vazias zine 13:




                                   “Em uma ida minha a Araxá, encontrei novamente com Jorge Clapp, o popular Jorginho (guitarrista) que após o fim da banda Hipnosys também estava sem banda. Para a segunda guitarra chamamos o Édson que também era ex-Hipnosys, e por sugestão desse veio o Marcão (da banda cover Peixe Piloto) pros vocais. Só faltava um baixista e o posto foi ocupado por um uberabense, o Maurício (Krofader, Angel Butcher) que apesar de ser guitarrista aceitou fazer parte da empreitada.”

NUTS: Maurício / Marcão / Édson / Jorginho / Manu


                            “A nova banda começava a ensaiar no início das férias escolares, mas ainda faltava o nome. A solução veio com o Sr. Jorge Clapp, pai do Jorginho: “Vocês são todos loucos mesmo, chama a banda de Nuts!. Era dezembro de 1992”




                     Na primeira semana chamaram a banda de Dust Nuts, mas logo voltaram com o mesmo nome.


Nota: A palavra Nut (noz em inglês) tanto pode significar a castanha como uma gíria de rua para chamar alguém de louco. “Are you fucking nut?


                    “A Nuts no início era basicamente uma banda thrash metal não tão rápido, que cantava em inglês e flertava com o funk’o’metal de bandas como Mordred, Scatterbrain, Scat Opera...” (Manu Henriques)


                    Os ensaios da banda aconteciam em Araxá num chalé na região do Hotel do Barreiro, foram dois meses de ensaio direto, nos primeiros ensaios a Nuts só tocava covers de bandas como Suicidal Tendencies, Anthrax e Head’s Up. A primeira composição se chamou “24 Hours” , um thrash com letra do Manu e música do Jorginho. Nessa época as primeiras saídas de integrantes da banda aconteceram, saem Marcão (vocal) e Édson (guitarra) e pra segunda guitarra e vocal é escalado mais um uberabense conhecido como André Cabelo.


Maurício / André Cabelo / Manu / Jorginho


André Azevedo "Cabelo"


                                  Rua Leonor Borges de Carvalho (Uberaba), esse era o novo endereço de ensaio da banda Nuts, Manu nos conta onde e como eram os ensaios:


                                         “O André morava com os pais e tinha um quarto nos fundos do quintal, cheio de vinis, pôsters de bandas, um frigobar cheio de cerveja e iogurte e baratas gigantescas. Ficávamos compondo, ouvindo discos de metal anos 80, Beatles, Stooges, Sonic Youth, entre outras pérolas em sua discoteca, sem nenhuma preocupação com shows”.



Pacheco / Paulo / Manu / Césinha


                                          A formação da banda Nuts que realmente engrenou era composta por: Paulinho Moratelli (vocal), Pacheco (guitarra), Césinha (baixo) e Manu (bateria). Paulinho Moratelli conta como aconteceu o primeiro encontro dele com a banda Nuts:

                                    “Conheci o Manu nas aulas de Educação Física da UNIUBE, onde eu cursava Psicologia e ele Arquitetura, mas nessa matéria tínhamos aulas juntos. Logo começamos a falar de Rock Pesado, e a amizade foi rápida e natural. Nessa época eu ainda não pensava em cantar numa banda. Ele me botava pilha, dando idéia, mas eu não achava que isso era pra mim. Nessa época o Paulinho Trida (Rosa Negra), amigo de longa data me “encheu a paciência” até eu topar tentar cantar. O Paulinho não queria mais ser vocalista, e estava tocando guitarra. Ele conhecia um baixista (César), mas faltava um batera, e ele me perguntou se eu conhecia alguém que estivesse a fim. Pensei no Manu, já que ele estava parado, sem banda na época. Disse ao Paulinho que ele dificilmente toparia, pois o cara era de outro nível, afinal já tinha gravado com o Sarcófago! Mas mesmo assim, fomos até o apê onde ele morava, e trocamos uma idéia. Pra nossa surpresa, ele topou na hora! Marcamos um ensaio o mais rápido possível, num cômodo na fábrica do pai do César, em frente à saída dos fundos do Colégio Nossa Senhora das Graças, no São Benedito, mas acabamos procurando outro guitarrista.”




                                     Manu no Páginas Vazias 15 conta como a banda Nuts ressurgiu depois da volta dele pra Uberaba depois de morar em Uberlândia:


                                     “Nessa época conheci o Paulo Moratelli que era um típico rocker e namorava uma colega minha do curso de Arquitetura. Grande fã das bandas dos anos 70 como Frank Zappa, Deep Purple e Black Sabbath, dono de uma coleção de vinis gigantesca (a maioria metal, classic e hard rock) e estava interessado em montar uma banda onde seria o vocalista.”




                                   “Quando ele me fez o convite para tocarmos juntos, resolvi chamá-lo pro Nuts, que já era realidade”


Paulinho Moratelli e Manu



                                  A banda Nuts estava formada com Césinha no baixo que já tinha participado com o Manu na primeira fase do projeto Ganga Zumba e para a guitarra Pacheco (ex-Viking) foi o escalado, vindo de Jaboticabal/SP e estava cursando direito na Uniube. Manu e Pacheco se conheceram através do Paulinho Moratelli e descobriram que já se correspondiam desde 7 anos atrás através das bandas Angel Butcher/Viking, sendo assim, tava tudo em casa...




                                  “Seguimos ensaiando, compondo e nos apresentando. O porém é que o César era muito enrolado, desmarcava muitos ensaios, chegava atrasado... Decidimos procurar outro barulhento, digo, baixista. Rsrs.” (Paulinho Moratelli)

Bed Rock (1994)




                                 “Nosso baixista era um cara muito gente fina, mas só queria curtir. Curtiu um pouco e saiu fora sem problemas... Só pra constar, excelente músico e pessoa que hoje em dia mora no Japão (Um salve Césinha!).” (Manu Henriques)


    
O festival que nunca existiu


                            O promotor de eventos Sabino José da Silva fez a previsão nessa época que 8250 pessoas iriam ao estádio do Uberabão assistir ao evento “Rock In Concert” que ele estava produzindo com as bandas: Ultraje a Rigor, Biquini Cavadão, Viper, Vertigo e para abrir o evento nada mais nada menos que a banda NUTS. O pior é que nunca aconteceu esse festival e o pessoal da banda Nuts ficou sabendo um dia antes que tudo era furada, vários ônibus vieram no outro dia com público de cidades de fora e mais o público de Uberaba, todos chegavam no estádio do Uberabão e encontravam a faixa dizendo que o evento tinha sido cancelado. A picaretagem com o rock na cidade como podem perceber já é de longa data.
                               
Rock In Concert


Prova da picaretagem, ainda arrumaram um jeito novo de escrever Nuts



Nuts com a formação trio

Pacheco / Paulo / Manu


Nuts

                           Após a saída de Césinha, a banda ficou ensaiando como trio um tempo e logo Mozart (colega do curso de psicologia do Paulinho) entrou para as 4 cordas completando o time novamente. A primeira demo da banda Nuts foi gravada nessa época (1995) no estúdio Mr. Som em Uberaba e se chamou “Racelifend”.


1995


Primeira Demo: "RACELIFEND"


                                      “O título nada mais era que a junção dos nomes das 3 músicas incluídas na mesma: “Race”, “Modern Life, Idiot Life” e “About the End”, e apesar da qualidade tosca da gravação, todos gostamos dos resultados.” (Manu Henriques)


Manu / Mozart / Paulo


Mozart e Paulinho Moratelli


                                    “Com a entrada do Mozart (ex-Rosa Negra), fechou a formação que eu pessoalmente considero a clássica do Nuts, comigo, Mozart, Manu e Pacheco. Eram quatro caras maduros, que sabiam o que queriam e muito criativos... Essa fase foi também muito conturbada, principalmente entre o Manu e o Mozart, ambos com personalidades muito fortes... (Paulinho Moratelli)


Nuts / Flowers


Troféu do primeiro Rock'n'Street


                                    Essa demo foi uma das demos no início da década de 90 que mais rodavam pela cidade, inclusive foi distribuída pela “Heavy Metal Rock” (Americana/SP), a demo saiu em revistas como a Rock Brigade e zines pelo Brasil afora. A demo saiu em versão compact disc em uma coletânea realizada pelo Denis (Outubro, ex-Vento Livre) que foi batizada de “Colcha de retalhos”. Com essa formação a banda tocou no primeiro “Rock’n’Street” e conseguiu o segundo lugar no mesmo. Logo após essa apresentação o baixista Mozart deixa a banda e cede o lugar para Claudão que na época já era um excelente baixista e era conhecido como o baixista da banda uberabense Flowers.


Catálogo da loja Heavy Metal Rock contendo a demo Racelifend da banda Nuts


Coletânea "Colcha de Retalhos"


Resenha sobre a demo Racelifend na Revista Rock Brigade 114


Formação da banda Nuts com a entrada de Claudão:

Paulinho Moratelli / vocal – (ex-The Monkeymen, ex-Espelho Mágico e ex-Super Riff)

Manu / bateria e vocal – (Uganga, Angel Butcher, Eremita, ex-Sarcófago, ex-Ganga Zumba)

Pacheco / guitarra – (Mother Zombie, Hell Reaper, ex-Viking)

Claudão / baixo – (Adahun, ex-Flowers, ex-Ganga Zumba, ex-Acidogroove)


                            





                             Com essa formação tocaram no segundo Rock’n’Street e faturaram o primeiro lugar no festival, essa apresentação se tornou a segunda demo da banda Nuts e foi intitulada de “Live Demo 96”.



Primeiro lugar no segundo Rock'n'Street (banda NUTS) 


Bandas vencedoras do segundo Rock'n'Street

                                        “Um dia pra entrar pra história da banda que nos garantiu o primeiro lugar e a Jackson fodona, o Paulo sendo carregado pela galera, pegamos uma platéia insana que agitou do começo ao fim do set.” (Manu Henriques).”


Letra traduzida de "Modern Life, Idiot Life"


Última formação da banda Nuts com a entrada de Edinho "Zacca"

                         Após essa fase Pacheco terminou o curso de direito e voltou para o interior de Sampa, deixando mais uma vez a banda em situação de mudanças.



Zacca com a banda Nuts

                            "Pro lugar dele “convocamos” O Edinho (Seu Juvenal, ex-D.O.T., etc rsrsrs...) esse cara era a reencarnação do espírito de Hendrix tocando guita, maluco, criativo e engraçado na dose certa!" (Paulinho Moratelli)


A banda Os Ambulâncias tinha na formação os irmãos Christian e Raphael Franco

Christian (guitarra) e Raphael (baixo) atualmente com a banda Uganga


                                     A nova formação fez sua estréia no Relicário em Araguari, sendo que a banda de abertura no dia foi “Os Ambulâncias”, banda formada pelos irmãos Christian e Raphael Franco que hoje em dia são respectivamente guitarrista e baixista da banda Uganga. Ainda no ano de 96 a banda lançou a demo gravada no estúdio Mr.Som novamente intitulada de “Phassôdahora” e uma novidade, a banda gravou apenas uma música nova e foi com a letra em português com o nome de “Reflexão”, inclusive vou colocá-la pra download, na época essa letra foi uma crítica legal e compensa vocês conhecerem.


Release da banda Nuts 1997




O Início... do fim ! festa na Cave

                               Com essa demo a banda conseguiu integrar a coletânea do selo paulista “Gold Star Collection” e foram pra São Paulo para o estúdio Anonimato e com a produção de Rildo Batista gravaram duas músicas: “Nuts Meets John Constantine” (uma faixa menor e totalmente instrumental) e “Reflexão” com participação do lendário professor de capoeira “Formiga” mandando um berimbau.


Coletânea do selo paulista Star Music



Manu / Paulinho / Claudão (casa do folclore) 1996


Zacca e Paulinho 1996


Paulinho / Leospa (ex-Ganga Zumba) / Claudão


                                       A banda fez um show em Uberaba na casa do folclore juntamente com a banda Led Zeppelin (Cover / SP) e nesse show Leospa (ex-Ganga Zumba) foi convidado a participar do show já que Manu e Edinho estavam pensando em reativar o projeto Ganga Zumba, Leospa participou de um cover da Rollins Band (“Tearing”).


Show na Casa do Folclore em 1996

                                      
                            Com essa formação participaram da terceira edição do festival Rock’n’Street conseguindo o terceiro lugar, pra quem leu até aqui pode perceber que a banda Nuts participou das 3 edições do festival Rock’n’Street e foi a única a realizar o feito.

Banda Nuts no terceiro Rock'n'Street que foi realizado nos dias 19 e 20 de agosto de 1996


Troféu terceiro lugar no terceiro Rock'n'Street (banda Nuts)

                                  “Essa formação produziu muita coisa, mas durou pouco, pois o desgaste de minha relação com o Manu, e o fato de ele querer incluir mais um vocalista, mudando muito o direcionamento, implodiu a banda... Nesse momento, eu e o Edin saímos da banda, e o Manu e o Claudão seguiram em frente, com outros caras e outro nome, mas essa é outra história...” (Paulinho Moratelli)


O show de despedida da banda Nuts


                                    A banda Nuts estava dando seus últimos suspiros e no dia 12 de setembro de 1997 a banda faz o seu último show na república “Freak Brothers” onde o Manu morava e a festa se chamou: “O Fim da Freak” ???. A banda de abertura foi “Oz Latas” formada por: Léo Brasil - guitarra (ex-Seu Juvenal), Moisés (Moi) – bateria  e Ricardo “Nanico” (RIP) - baixo e vocal.

                                 Após esse show a banda se desfez e Manu e Claudão continuaram tocando juntos na banda Ganga Zumba, Edinho ficou na banda Seu Juvenal e também tocou na Ganga Zumba e Paulinho montou a banda Espelho Mágico.

Os integrantes dessa última formação nos deixa depoimentos de como foi tocar na banda NUTS:



Manu atualmente com a banda Uganga


MANU:  “Tenho muito orgulho do legado do Nuts, tanto da primeira fase em Araxá (mais thrash metal), quanto dos dias de Uberaba , que a maioria das pessoas conhece. Se você curte rock pesado e viveu no triângulo mineiro nos anos 90 as chances são grandes de ter nos visto ao vivo ao menos uma vez. Vários músicos passaram pelo Nuts durante todo esse tempo, e todos deixaram sua marca além de sua amizade. Acho que o Uganga não estaria onde está hoje, tanto em tempo de estrada quanto em sonoridade, se não tivesse rolado o Nuts antes. O laboratório pro som que fazemos hoje com certeza começou ali.”




Paulo Moratelli atualmente

PAULO: “Tocar no Nuts, pra mim, foi uma honra, foi como tirar a sorte grande! Ter uma experiência como aquela logo na primeira banda em que eu cantava, foi um aprendizado muito grande. Afinal de contas, na primeira formação estavam o Manu, com todo aquele background, já naquela época, de ter gravado um álbum simplesmente seminal pro metal nacional (INRI – Sarcófago) e o Pacheco, de longa história também, tocando em várias bandas. O Manu era o cara que pensava todos os detalhes, do logo da banda ao set list, do visual da banda aos cuidados na divulgação (via cartas, demo-tapes e fanzines, naquela época)... O Pacheco era o cara de mil ideias na hora de compor, fossem letras, passagens instrumentais, solos, efeitos, etc... O Cesinha era super enrolado, mas era um cara muito legal, daqueles que a gente apresenta pra irmã e faz a maior força pra ela namorar... rsrs
                    Depois passaram outras figuras fantásticas pela banda: Mozart, Claudão, Edin...
                   Mas creio que a formação mais marcante do Nuts foi aquela com o Mozart no lugar do Césinha. Naqueles dias éramos uma banda anárquica porém organizada; ácida porém alegre; séria porém cheia de improvisos; criativa e nem um pouco contida!
                   Nos levávamos muito a sério, acreditávamos em nosso potencial, mas nunca pisamos em ninguém pra cavar nosso espaço! Pelo contrário, estávamos sempre botando pilha na galera das outras bandas pra gente se mexer e, unidos, formar uma cena roqueira em Uberaba... E devo dizer que (nós, as bandas) conseguimos!!
                  Nunca mais toquei numa banda em que todos se envolvessem tanto nos arranjos, nas composições! Beirava o preciosismo, o excesso até... Que falta fez um produtor “grandão” naquela época... Tivéssemos um, quem sabe qual seria o destino daquela banda! Gravamos somente 5 músicas em estúdio, mas tínhamos várias mais prontas, e muitas outras esboçadas, quase todas tenho registradas em fitas K7 guardadas com muito carinho...
                 Do fim da banda, além da grande tristeza, me lembro da minha incredulidade! Não podia acreditar que aquela banda estava chegando ao fim! Ainda mais naqueles dias em que vimos, no Rock’n’Street III, vir uma galera de fora só pra nos ver tocar, galera que era meio que um fã-clube da Nuts, com quem nos correspondíamos por cartas... Mais incrédulo ainda por estar vendo acabar uma banda que estava sendo convidada (!) pra tocar em bares em São Paulo – capital - e não implorando por espaço...


               Aqueles foram grandes dias...”



Zacca atualmente com a banda Seu Juvenal

ZACCA: “No Nuts pela primeira vez em minha carreira eu passei a ver a música como um trampo. Os caras tinham uma postura bem mais profissional nos ensaios e shows. Foi também a primeira vez que viajei pra fora de Uberaba pra tocar. Foi um período rápido mas como o Nuts se apresentava muito ao vivo deu pra curtir e aprender muito sobre o ofício de músico. Foi possível criar várias músicas próprias que serviram de base pra primeira demo do Ganga Zumba que depois virou o Uganga. Além de que pude tocar com excelentes músicos .. emfim .. foi muito loco ...”



Claudão atualmente com a banda Adahun que tem na formação meus dois irmãos Adriano e Arthur (ex-Seu Juvenal)

CLAUDÃO: : “Tocar com a Nuts foi um grande prazer. Uma grande farra.”


DISCOGRAFIA :

                                                  1995 - demo tape "Racelifend" + CD Coletânea "Colcha de Retalhos"
1996 - live demo (Rock'n'Street)
       1996 - demo tape "Phassôdahora"
                             1996 - CD coletânea "Gold Star Collection" 








  
RACELIFEND




DOWNLOAD das músicas do CD Coletânea "Gold Star Collection": http://www.easy-share.com/1911735737/NUTS%20-%20Gold%20Star%20Collection.rar





                Fica registrada a postagem de uma das bandas uberabenses que mais correu atrás na década de 90 fazendo músicas autorais, o material da banda é bem extenso e rendeu uma postagem legal na minha opinião podendo contar um pouco sobre a história da banda.
Agradeço o Manu e ao Paulinho Moratelli que colaboraram nessa postagem, VALEU !!!!


Manu (Uganga) e meu filho Henrique na casa do Manu no dia em que desenterramos a banda Nuts   
Foto: Tito































                          
                       






                                   






     
                             

quinta-feira, 22 de julho de 2010

D.O.T.



André Leite / Renato Zaca / Edinho "Zacca"


                      
                                              "NÂO DÁ PRA VIVER DE CARA, 
                                                                                                       NESSE   MUNDO CARETA"




                       Banda formada no ano de 1993 por dois ex-integrantes da banda Mickey Mouse Exterminator, um ex-integrante da banda Scória e um suposto quarto integrante (ex-Angel Butcher). A banda foi formada em um buteco e o criador do nome nem chegou a ensaiar com os caras. Edinho Zacca nos conta como aconteceu o início da banda:




                      “O D.O.T. foi criado em 1993 em um buteco chamado Champagnat (um nome francês pra uma birósca), que ficava do lado do até hoje vivo Bar do Bigode que fica em frente a prefeitura nova no alto bairro Mercês. Eu, Renato Zaca, André Leite (ex-Scória) e Valdão (ex-Angel Butcher) estávamos com a mesa lotada de cascos de cerveja e algumas pingas quando o Valdão teve a brilhante idéia de montar uma banda em homenagem ao momento de chapação, ele deu o nome de Detonation of Travêtion.”


Valdão (ex-Angel Butcher, ex-Odd Melody) e criador do nome Detonation of Travêtion



                   “Na verdade uma verdadeira gozação com a cara dos nossos amigos headbangers que não cansavam de colocar aqueles nomes em inglês em suas bandas sempre terminadas em "eition", "eider", "eitor". Estávamos meio de saco cheio de toda aquela história de movimento headbanger ou movimento punk que na época era muito forte.”


                   Isso realmente é verdade e como já disse aqui no blog quando conheci o Zacca ele me pareceu uma mistura de estilos e realmente era, tem um conhecimento bem amplo de música até nos dias de hoje, sempre aplicando algo inesperado, eu pude acompanhar essa banda muito bem já que tínhamos outra banda que também realizava os ensaios no mesmo local que o D.O.T., essa banda se chamava A Fábrica do Som e tinha na formação Fernandão (ex-Raul Cover no vocal), Janice Lopes (vocal), eu no violão e os três integrantes do D.O.T., fazíamos releituras de artistas como Mutantes, Secos & Molhados, Raul Seixas, Tim Maia, Novos Baianos, etc... Um local que tocamos muito na época foi em um bar no bairro Fabrício com o nome de “Pier 33”, tocávamos nos finais de semana e muitas das vezes dividíamos a noite com o músico e cantor Marcelo Taynara que também estava começando a tocar ao vivo na época. Nosso cachê ficava nos engradados de cerva atrás da batera e falo que valeu a experiência, tivemos dias inesquecíveis nesse buteco...


Janice Lopes / Fernandão (A Fábrica do Som)




Marcelo Taynara

                     Tive que falar dessa outra banda pois tudo aconteceu ao mesmo tempo, mas voltando com a banda D.O.T., o Zacca nos conta o lance do Valdão ter fundado a banda com nome e tudo e nunca ter participado de um ensaio sequer depois:




                                          “Mas o mais engraçado é que o próprio Valdão marcou alguns ensaios porém ele mesmo nunca foi a nenhum deles, nunca tocou com a gente e nem deu satisfação. O cara sumiu. Então os outros três fizeram a única formação que o D.O.T. teve até o fim:       André Leite - contra o baixo e vocal de pai de santo

                                                            Edin Bizarro – guitarras, barulhos e voz

                                                            Renato Zaca - bateria, anti-flauta e voz


                                 
                      A banda tinha como influência artistas como: Sonic Youth, Black Sabbath, Mutantes, Pixies, The Stooges e os malditos da MPB como Raul Seixas, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé.


                      Na época a banda deixava bem claro e insistia em letras em português como forma expressiva de mostrarem suas idéias e assumir sua própria personalidade. A identidade sonora do D.O.T. soa como um retrato instigante e irônico de uma sociedade estranha com seus acordes distorcidos e microfonias.


André Leite / Marquinho / Andréia / Edinho Zacca                            (Araguari/1994)


                                A primeira demo da banda foi gravada em Araguari/MG no estúdio Performance S/C LTDA em abril de 1994 pelo produtor Carlos Pinheiros e foi batizada de “O Evangelho Segundo D.O.T.” e conta com 08 músicas, sendo 7 de composições da banda e para fechar “Desafinado” (João Gilberto / Tom Jobim). Na época lembro que os três subiram no Fiat 147 do Marquinho (ex Ganga Zumba/Uganga, ex-Outubro, ex-DCV) juntamente com a Andréia (esposa do Marquinho) e foram pra Araguari gravar essa demo e passaram alguns perrengues por lá, mas a demo foi gravada e  realmente era uma das demos que mais circulou em Uberaba no começo dos anos 90.

"O Evangelho Segundo D.O.T." / abril de 1994        (Desenho de Renato Zaca)


     
                       Nesta demo a banda questiona a liberdade como foco principal, a liberdade de expressão, a liberdade individual, o direito de uma vida autônoma, a repressão de uma sociedade conservadora e finalmente o sufocamento das grandes potências sobre o terceiro mundo. A banda já falava nos seus releases: “A banda quer atingir as pessoas independente de estilos, tenham a mente aberta e ouvidos “pouco sensíveis”.“


      A banda D.O.T. teve uma resenha que saiu na revista Rock Brigade sobre a demo "O Evangelho Segundo D.O.T." :
Resenha Revista Rock Brigade



“Nosso som é descompromissado, personalizado e ideológico”



                            A banda com essa demo tocou em vários locais e festivais e conseguiu um público fiel com suas composições próprias, na época o “hit” da banda foi “Deus é Neguinha” e muita gente sabia cantar o refrão “Deus é preto, deus é preta, deus é neguinha”, inclusive estou na captura de um VHS meu que tem o Manu (Uganga) cantando essa música junto com os caras em 1994 (época em que ele nem sonhava que seria vocalista um dia) no The Bar no festival “Estado Terminal”, se alguém souber do paradeiro ou tiver esse VHS entre em contato.

Zacca com a banda D.O.T. na festa Estado Terminal no The Bar


                       Ainda no ano de 1994 no mês de dezembro, André, Edinho e Renato caem para o estúdio Troll no bairro São Benedito e com a produção de Juninho (Troll, ex-Rosa Negra) gravam ao vivo a próxima demo que foi intitulada apenas de “Segunda Demotape”, a nova demo contou com 09 composições próprias e pra fechar uma releitura de “Rock do Diabo” (Raul Seixas),  infelizmente "Morte Feliz" e "Rock do Diabo" por problemas de digitalização não estarão para download. Essa demo contém a música Coroné Belzebu gravada pela banda Seu Juvenal no CD Caixa Preta (2008) na versão original de 94.

"Segunda Demotape" (Desenho de Renato Zaca)






                        A banda D.O.T. encerrou as atividades com a saída de André Leite que foi se dedicar aos estudos e hoje em dia é juiz de direito. Os irmãos Renato e Edson Zacharias montaram a banda Os Donátilas Rosários logo na sequência, depois Renato casou e deu um tempo, Edinho montou a banda Neurônios e eu também toquei nela e hoje em dia estamos com a banda Seu Juvenal na estrada desde 1997.


D.O.T. na galeria Souk Marrakesh


Edinho Zacca nos deixa suas palavras sobre a banda D.O.T.:

                                                                 "Sempre levamos a sério a frase do Chacrinha "eu não vim aqui pra explicar, eu vim aqui pra confundir". Naquele momento da cena uberabense que tudo estava muito americanizado, pasteurizado e sem graça, a banda Detonation of Travêtion era o antídoto.”


Fotos de 1994:


 
D.O.T. Crew, da esq pra dir:  André Azevedo "Cabelo"/ Eduardo Alíenigena / Tito / Fernandão / Paulo "Bota" / André Leite / Edinho "Zacca" / Renato Zaca / Nara / Leonardo Boloni / Gustavo



Karina / Tito / Edinho "Zacca" / Lander / Marquinho                           (Boite Hangar - 1994)



André Cabelo / Tito                          (1994)




Quero agradecer ao meu amigo e irmão Edson Zacca pela colaboração na postagem e dizer que pra mim poder eternizar essa banda aqui nessas páginas é uma honra, valeu !!!!



Zacca e Tito atualmente                    (Stonehenge Bar / BH - 2009)



Abaixo seguem as duas demos da banda D.O.T. para download:

'O EVANGELHO SEGUNDO D.O.T.'







'SEGUNDA DEMOTAPE'