Estamos de volta com a seção "Na Sala do Coringa", que nada mais é do que Manu "Joker" (Uganga/Underdose) entrevistando uma banda que não faz parte da cena local de Uberaba.
Manu
Nessa postagem a banda entrevistada é a banda paulista Psychotic Eyes que também faz parte do cast da Som do Darma, então tá tudo em casa.
Bora lá Manu e Psychotic Eyes:
Manu: Salve
pessoal! Acompanho o trabalho do Psychotic Eyes há algum tempo, mas gostaria
que falassem um pouco sobre o início da banda e a proposta de vocês pros leitores do Blog Rock Uberaba.
Dimitri Brandi: A banda começou em 1999, bastante tempo atrás.
É engraçado, eu vejo fotos antigas e me surpreendo de como éramos moleques no
começo. Mas eu me achava velho. Lembro da ansiedade por arrumar logo uma banda,
compor, gravar, tocar ao vivo. Eu pensava “putz, o Toni Iommi formou o Black
Sabbath com 21 anos, eu já sou mais velho que ele e não tenho minha banda
ainda”. O núcleo do Psychotic Eyes sempre fomos eu e o Alexandre Tamarossi,
baterista, que conheci por causa de um anúncio na revista Rock Brigade.
Tínhamos as mesmas referências musicais na época, Death, Slayer, Kreator. Com o tempo o som foi sendo
moldado, atingimos nossa identidade. Gravamos duas demos e dois álbuns até que
o Alexandre anunciou que iria sair. Agora estamos eu e o Douglas Gatuso, baixista,
gravando um disco acústico e procurando desesperadamente por um baterista.
Manu: Apesar da base
do PY ser o death e o
thrash metal vocês
têm uma sonoridade bem única com referências a jazz e música brasileira em suas
composições. Quais as principais referências e como vocês chegaram a essa
fórmula sonora?
Dimitri: Foi
meio que por acidente. Não foi algo predeterminado. Quando comecei a tocar guitarra, minhas
referências eram Iron Maiden, Black Sabbath, Kiss e outras bandas de
metal tradicional. O gosto pelo metal extremo veio depois, com o thrash e bandas de death metal mais
técnicas como Carcass e Death. O meu interesse pela música brasileira veio
primeiro como curiosidade. Quando eu estava gravando os solos do primeiro CD,
estudei muito harmonia, e apareceram aqueles acordes estranhos de bossa nova,
que são um guia bem interessante para quem quer aprender a mudar de tom dentro
de uma música sem soar artificial. Incorporei aqueles elementos nas minhas
composições. Na mesma
época o Alexandre estava dando aula de bateria em alguns projetos sociais em
Guarulhos e começou a pesquisar ritmos brasileiros. Começamos a adicionar essas
coisas na nossa música, sempre num contexto pesado. Uso harmonias de bossa nova e ele
colocava uma virada de ritmo brasileiro no meio dos blasting beats.
Manu: Vocês já passaram
por algumas mudanças de
formação e sei que isso acaba atrapalhando um pouco no corre
das bandas. Comentem sobre o line-up atual e sobre essas mudanças.
Dimitri: O
lineup atual somos somente eu (vocal e guitarra ) e o Douglas (baixo, vocal e violão). Estamos
gravando um disco acústico no formato dois violões, pela falta de baterista. Se
alguém estiver interessado, entre em
contato !
Manu: Em 2007 vcs
lançaram seu primeiro álbum, auto-intitulado, como foi a recepção do público nacional e no exterior?
Por aqui vi excelentes resenhas nos meios de comunicação.
Dimitri: As
resenhas foram excelentes mesmo, o que nos surpreendeu bastante. O primeiro
álbum foi lançado em 2006 e nos proporcionou excelentes momentos, como o de
tocar ao lado de Chaosfear, Threat
e Dr. Sin numa das seletivas do Wacken Metal Battle. Foi
também com esse disco que começamos a aparecer na imprensa, ele foi bem
avaliado em todas as revistas de metal que havia na época: Rock Brigade, Roadie Crew,
Valhalla e Comando Rock.
Manu: Em 2011 veio o
novo álbum “I Only Smile Behind The Mask” com uma produção bem
superior a cargo do renomado produtor canadense Jean François Dagenais, também
guitarrista do Kataklysm, uma das maiores bandas do death metal contemporâneo.
Comente sobre esse álbum.
Dimitri: Esse
é o trabalho que mais me orgulha até hoje. Infelizmente não foi lançado físico,
mas está disponível no Spotify e nas plataformas de download tipo iTunes e
Bandcamp. Estávamos sozinhos, eu e
o Alexandre, então chamamos o Rodrigo Nunes
(ex-Drowned e Eminence) para gravar o baixo. Fizemos tudo à distância. Eu
morava em Campinas ,
o Alexandre em Guarulhos e o
Rodrigo em Belo Horizonte, com o J.F. Dagenais
supervisionando tudo via Skype
lá do Canadá. Infelizmente não pude ir pra lá acompanhar a mixagem, mas a
experiência do cara e a empolgação dele com o projeto resultaram numa produção
fantástica. Eu fiquei sinceramente emocionado quando ouvi a sonoridade final. É
nesse disco que considero que estão as nossas melhores composições, como
Welcome Fatality, Life, Dying Grief e The Girl. Nele também contamos com a
participação especial de um dos maiores artistas brasileiros, que é o ciberpajé
Edgar Franco ,
que fez vozes adicionais e de robô na faixa “The Humachine”.
Manu: Vocês têm
fortes referências a literatura em suas letras, que vão muito além dos clichês
do metal. Dimitri o que te inspira na hora de escrever?
Dimitri:Obrigado
pelas palavras! Considero que são extremamente elogiosas! Minha maior
inspiração hoje são os sentimentos humanos, a vida difícil das sociedades
humanas neste momento de crise de todas as instituições. A literatura é sempre
uma referência, mas gosto de extrair da arte aquilo que o ser humano tem de
introspectivo, as emoções conflitantes e as dores da vida. No começo eu curtia
escrever sobre histórias de terror, guerras, esses clichês do metal que você
citou. Com o tempo
fui me interessando por temas mais emotivos e introspectivos, como a morte, o
amor, a inveja, coisas assim.
Manu: Em “I Only
Smile Behind The Mask” vocês fecham o cd com uma versão de “Geni e o Zepelim” de Chico
Buarque onde apesar de manterem a letra original mudaram totalmente o arranjo.
De quem foi essa idéia que, diga-se de passagem, ficou bem interessante?
Dimitri: Opa,
muito obrigado, novamente! Eu mudei a letra também. Escrevi uma letra em
inglês, contando a mesma
história, mas não é uma versão ou tradução da letra do Chico Buarque. Eu tive a
ideia enquanto ouvia uma música do Blaze, e reparei que a harmonia era a mesma da Geni. Pensei que a
composição do Chico Buarque tinha tudo para ser uma balada de metal. Harmonia
menor, depressiva, com um refrão agressivo. Bem o clichê de balada de metal,
tipo “Welcome Home” do Metallica ou “Wasting Love” do Iron Maiden. Comecei a
“destraduzir” a letra, escrevendo uma versão em inglês, e fiquei impressionado
com a agressividade da história e das palavras. Aquilo casava perfeitamente com
uma música do Psychotic Eyes. Fizemos um arranjo brutal e épico , em que o
Alexandre mostrou uma incrível composição da bateria, que vai praticamente
contando a história e mostrando os sentimentos da personagem. No final, acho
que essa é a melhor
composição que fizemos, algo que muito me orgulha.
Manu: Após a tour do
segundo álbum o baterista
Alexandre Tamarossi se afastou da banda devido a uma crise de bursite
ocasionando seu desligamento. Vocês já têm alguém para ocupar essa vaga?
Dimitri: Não!
Procuramos desesperadamente! Interessados entrem em contato !
Manu: Nesse período
sem baterista vocês fizeram alguns shows em formato acústico e como os
resultados foram muito bons, resolveram registrar essa ideia no que será o
próximo cd da banda, o acústico de death metal, algo muito inovador, “Olhos
Vermelhos”. As gravações já começaram? Dêem mais detalhes.
Dimitri: Já
começamos a gravação. Serão cinco faixas. Além do formato inovador, death metal acústico ,
com dois violões e dois malucos berrando gutural, temos uma outra inovação, que
serão as letras em português. Tudo começou com uma provocação do poeta Luiz Carlos Barata,
numa entrevista que dei pra ele quando ele apresentava um programa de rádio.
Ele perguntou porque as bandas
brasileiras de metal não cantavam em português. Em vez de dar
uma resposta padrão, superficial ou clichê, eu preferi confessar a minha
ignorância e perplexidade, admitindo que não tinha a menor ideia. Acho que ele
também se sentiu provocado e escreveu um poema bem death metal ,
intitulado “olhos vermelhos”, que casou como uma luva para uma composição do
Psychotic Eyes. Ela será a faixa título do disco acústico.
Manu: Pessoal, é
isso, o Blog Rock
Uberaba agradece pela entrevista e deixa o espaço para as considerações finais:
Dimitri: Eu
que agradeço a grande oportunidade da entrevista! Rock Uberaba na veia ! Grande abraço meu
brother.
Mais Informações:
Psychotic Eyes é da hora!
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