Ao som do disco Beneath The Remains (Sepultura), que pra mim é um álbum dos mais fudidos do thrash... que inicio mais uma postagem. Em Novembro de 2013 convidei o Manu (Uganga) pra bolar um espaço pro blog com bandas que não fossem de Uberaba no intuito de que os rockeiros uberabenses possam conhecer outras bandas autorais, ele topou e batizou o espaço de: Na Sala do Coringa.
Eu, numa correria violenta nesse início de ano, com trocentas coisas que invento pra fazer, já deveria ter postado essa entrevista e ter feito outras matérias, mas tamo aí de volta no corre e deixo vocês com meu chapa "Joker" que fez uma entrevista muito legal com Josh S. da banda BODE PRETO de Teresina/PI.
Entrevista – Josh
S. (Bode Preto)
Por: Manu
“Joker”Henriques
1) Salve Josh! Em
primeiro lugar parabéns pelo trabalho do Bode Preto, o som de vocês é
foda! A banda foi formada em 2009 ainda
como trio e com essa formação vocês lançaram o EP “Dark Night” (2010). Fale um
pouco sobre essa fase e porque somente você ficou dessa formação:
Josh S. :
Saudações Manu, muito obrigado pelas palavras e pela oportunidade de trocar uma
idéia com você. A gente começou comigo
na guitarra e voz, Pablo Erickson no baixo e Júnior Oliveira na bateria.
Fizemos alguns shows por aqui e Fortaleza, e em 2010 gravamos o Dark Night. A
iniciativa de montar a banda veio da minha parte, porque já vinha de outras
bandas e não ia nem vou parar, convidei os caras e já tinha em mente como seria
o som e tudo mais que queria desenvolver. Em 2012 comecei a trabalhar pra fazer
o debut e nessa época os caras não separaram tempo pra desenvolver suas partes,
então tive que trabalhar sozinho.
2) A sonoridade de
vocês é crua e com um claro feeling anos 80, tanto black/death quanto hardcore.
Quais são as principais influências do Bode Preto?
Josh S. : Obviamente
tudo que a gente passou e passa na vida reflete no que fazemos, mas falando
mais especificamente de influencias sonoras, pra mim tem a ver com a atmosfera
que se cria com o som e o que está sendo expressado através da musica, imagens,
etc. Posso citar bandas como
Possessed, Cryptic Slaughter Beherit, Sarcófago, Bathory, Agathocles,
Hellhouse…
3) Excelentes
referências , Cryptic Slaughter é uma das minhas bandas preferidas também! Bom,
recentemente vocês lançaram o segundo trabalho “Inverted Blood” (2013 - Läjä
Recs / Deathnoise Prod.) já como dupla
tendo nas baquetas o Adelson Souza (The
Endoparasites, ex-Grave Desecrator). Como se deu a parceria de vocês e o
processo de composição do novo trabalho?
Josh S. : Pois
é, continuando a resposta da primeira pergunta…rss. Quando me vi trabalhando
sozinho no que seria o debut, por um lado foi chato pois é mais trabalhoso
pensar nas partes de todos os instrumentos, mas por outro foi muito bom e pois
podia desenvolver tudo junto em um sentido bem claro, não definido, mas claro.
Em 2011 eu estava com um kit de bateria aqui no meu home studio, então tentei
tocar o básico na bateria pra gravar demos, consegui gravar 12 faixas e assim
pude ter uma noção de como elas poderiam ficar. No início de 2012 comecei a
conversar com o Adelson pela internet, sobre essas demos e de como eu estava
trabalhando, ele se interessou em ouvir o material, passei pro mp3 e a partir
daí começamos a cogitar a idéia dele desenvolver as batidas e gravar a
bateria. Ele escutava as demos 30 vezes ao dia e acabou dando certo ele vir
passar 7 dias aqui na minha casa, ele dormia no estúdio perto da bateria. Nós
aproveitamos muito o tempo que ele passou aqui pra tocar o máximo, gravar
material e fazer as fotos.
4) Da hora, mesmo
com a distância vocês se ajeitaram. Há pouco vocês tocaram em São Paulo no
Festival Profana Aliança Nacional tendo além de Israel Ferrão no baixo a
presença do meu chapa Fábio Jhasko (ex-Sarcófago) na outra guitarra. Podemos
entender essa como a atual formação do Bode Preto ou ainda são uma dupla? Como
foi esse evento para vocês?
Josh S. : Na
época da gravação do Inverted Blood o Adelson me perguntou o que eu achava de
ter uns solos do Fábio no disco, na hora eu falei “claro” e fui nos meus discos
escutar o Laws of Scourge e Crush Kill Destroy na mesma hora. Com isso a gente
também foi se comunicando de longe, ele gravou os solos em São Paulo, onde
mora. Logo quando foi lançado o disco eu entrei em contato com o Ferrão, por
ter visto uns videos dele tocando guitarra, vi que o cara era tranquilo e muito
talentoso então convidei pra tocar ao vivo com a gente, ele pegou todos os sons
na guitarra e deveria ser o guitarrista solo numa possível tour que foi pelo
cano, mas como fomos convidados pro P.A.N. na mesma hora tentamos convencer o
Fábio a tocar ao vivo com a gente. Por isso o Ferrão foi pro baixo pra esse
show, nos encontramos alguns dias antes, fizemos 3 ensaios de 4 horas em São
Paulo e o show. As imagens do clipe são exatamente desse evento. Na verdade
depois desse corre em SP vimos o quanto é difícil trabalhar à distância,
sobretudo por causa dos gastos, então agora continuo desenvolvendo o Bode Preto
como posso e o Adelson está como um conselheiro de longe, o primeiro material
que produzo dessa forma é esse vídeo.
5) Até pouco tempo
atrás você estava morando na Europa e pelo que me consta tinha uma opção de
banda de apoio por lá e outra por aqui. Como está essa parada? Você voltou para
Teresina?
Josh S. : Cara,
desde 2003 eu vou pra Europa a trabalho (trilhas pra peças de dança e teatro
físico), sempre passando alguns meses por lá e voltando, trabalhando aqui no
Brasil também. Ano passado eu iniciei um curso dividido em segmentos, em
Amsterdam, então devo ficar indo e voltando até 2016. Quanto a ter banda por
lá, nunca montei, mas no futuro isso pode acontecer. No momento estou em
Teresina trabalhando em músicas pro segundo álbum, mas com calma e sem pressa.
6) Estando de
volta ao Brasil como você tem visto a cena metal nacional nos dias de hoje?
Podemos esperar por mais shows do BP por aqui?
Josh S. : No
momento não estamos pensando em shows, mas espero tocar mais. A cena metal
nacional na verdade são muitas cenas que se comunicam entre si por alguns
canais, sempre vejo pessoas se deslocando pra assistir shows no underground e
também pra tocar. Também tenho visto materiais serem relançados de forma muito
interessante, coisas que só tinham em fitas agora em vinil e CD. Como o
material do Necrobutcher,primeiras demos do No Sense e Obskure, a demo Dualism
do Amenthis. E ainda também materiais com relançamentos mais completos, como
Impurity e os discos do Mystifier e Grave
Desecrator por exemplo. Vejo essas bandas sendo convidadas pra shows e tours e
respeitadas em outros países tanto da Europa e EUA quanto da America do Sul. Um
exemplo também é o Disgrace & Terror de Belém que encontramos em SP, os
caras em tour no sudeste e sul do país. Muitos selos lançando bandas novas e a
internet ajudando nos contatos de quem está interessado em se comunicar. Eu
trocava muitas cartas na época do Monasterium, hoje em dia é muito mais rápido
e barato, mas ainda mando encomendas de materiais e algumas cartas pra pessoas
mais próximas.
7) Josh como você
sabe esse blog é daqui do Triângulo Mineiro e como sei que curte bastante a
cena do nosso estado, em especial a safra dos anos 80, gostaria que falasse um
pouco sobre como teve contato com o metal mineiro e quais discos mais te
marcaram:
Josh S. : As
bandas de MG influenciaram não só o Brasil, mas o underground mundial. A coisa
mais importante é ter existido essas bandas e terem sido registradas na época.
O primeiro contato foi com os discos da Cogumelo, obviamente o Sepultura já se
destacava em termos de popularidade. Os discos que mais gosto são todos do
Sarcófago (o Worst eu não ouvi muito), Sex Trash (Sexual Carnage, Funeral
Serenade e o EP XXX), Impurity - The Lamb’s Fury, Holocausto - Campo de
Extermínio, Mutilator - Immortal Force, Atack Epiléptico - Convulsões E
Distúrbios Da Consciência, Expulser - The Unholy One. Mas também tinha contato
com várias bandas que trocava demos. A primeira demo do Silent Cry, Misbeliever, Intelectual Moment, Agonize
Death, Loucyfer, Calvary Death, In Memorian. O disco do Monasterium foi
lançado por uma selo mineiro (Demise Recs.). Em 99 toquei em BH, no Insanity
(Fortaleza)substituindo o guitarrista deles numa tour, nessa época pudemos
viajar pelo interior numa van o que me deixou muito impressionado com as
paisagens. Depois disso fui outras vezes a BH, fui num ensaio do Preceptor, e
passei na Cogumelo pra comprar uns discos em 2010.
8) Agora falando
de música em geral, o que você tem ouvido?
Josh S. : Escuto
muito Black Sabbath cara, hehehe direto. Também o Ad Baculum - Blackness
Doctrine, que acho fudido demais. Mas também gosto de outros tipos de música
além do Metal. Tenho escutado muita música clássica, basicamente uns discos das
composições pra piano de Schumann. Acontece que eu estava sem agulha no meu
toca discos, e um amigo viajou e deixou o dele aqui, então tenho ouvindo meus
discos. D.R.I., Pungent Stench, Inferno (Alemanha), Rövsvett…
9) Mano Black
Sabbath é vida cara (risos) ! Apesar do lançamento recente de “Inverted Blood”
você já está trabalhando em músicas novas? Quais os planos do Bode Preto para
2014?
Josh S. : Tenho
algumas músicas estruturadas aqui, gravei demos pra desenvolver e pra escrever
as letras. Como falei, com calma e sem pressa. Em 2014 temos previsto pra abril
o lançamento do Inverted Blood em vinil pelo selo alemão Unholy Prophecies.
Também deve ser lançado em LP no Brasil ainda esse ano e o Dark Night em vinil
de 7” também na Alemanha pelo selo de um velho parceiro de bandas, Winter Prod.
10) Da hora, boa
sorte nesse corre! Bom é isso irmão, muito obrigado pela entrevista e o espaço
é seu para finalizar como quiser, abrax!
Josh S. : Manu,
imensa honra pra mim responder essas questões, e ter esse contato com você.
Falar só que sempre existem várias formas de ver a mesma coisa ou situação e
agradecer pelo espaço e interesse. Grande abraço!
links:
Entrevista realizada por Manu ‘Joker’ Henriques, vocalista
do Uganga e ex-baterista do Sarcófago, gravou o disco Rotting de 1989.
Valeu Manu, muito boa a entrevista !
Deixo vocês com o novo clipe da banda Bode Preto "The Erection of the Cross" que eu curti pra caramba, valeu Josh S. pela entrevista, o blog "Rock Uberaba" agradece.
VAMO QUE VAMO TITÃO!
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